Palavra de especialista
O caminho do reencontro entre pais e filhos diante da separação Publicado: 07 Setembro 2010 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

Terapeuta aponta a alienação parental como principal problema para as crianças

Daniella Freixo de Faria

No meio de um clima de baixa qualidade vibracional do campo familiar com a separação conjugal, os pais devem estar atentos para a saúde integral da criança. Isso só é possível se houver uma relação mínima de respeito entre pai e mãe como entidades. As discussões entre o casal e essa virada dramática que enfrentam com a separação devem ser encaradas com respeito e com a preocupação de preservar a criança de maiores transtornos nesse novo momento que se inicia.

Existem efeitos preocupantes para a criança que encontra as pessoas de seu mais importante círculo de confiança em constante guerra, diminuindo um ao outro, julgando a falando mal para terceiros, entre outros aborrecimentos. Com o término de uma relação e a inevitável separação, os filhos acabam no meio de uma briga que não lhes pertence. E um dos maiores traumas para uma criança é uma pessoa amada falando mal da outra também muito amada.

Essa falta de respeito entre os pais é chamada de alienação parental. Nesta hora é comum vermos pai e mãe acusando o outro. A criança, ao escutar de ambas as partes, passa a não mostrar seus sentimentos por medo de magoá-los. Nessas condições, há uma inversão de valores e a criança tem a preocupação de que ela deve cuidar dos pais. Isso é preocupante, pois a enorme carga emocional desta situação numa criança ainda em formação, gerada pelas duas pessoas mais importantes em sua vida, causam um grande estrago.

Ainda que pais e mães separados de seus parceiros, apenas conseguem seguir em frente se conseguirem se conectar com o propósito de preservar a saúde total das crianças e de estarem ligados às necessidades legítimas dos pequenos. Mesmo com todo amor que pais e mães têm por seus filhos, no momento da separação é muito complicado estar ligado a esse propósito maior. Esse é o enorme desafio que precisa ser superado pelos adultos.

É como se uma grande tempestade envolvesse toda situação, impossibilitando que ambos sigam em frente como homem e mulher, mas permanecendo sempre como pai e mãe. No entanto, as figuras paterna e materna precisam estar disponíveis e continuar presentes na vida das crianças, pois para os pequenos, pais e mães são absolutamente necessários. Mesmo que a criança possa se adaptar a ter duas casas, ela não se acostumará com a idéia ou vivência da ausência do pai ou da mãe. A criança precisa da participação direta e pessoal tanto de um como de outro, pois os pais são insubstituíveis e importantes para elas.

Mesmo legitimando os sentimentos de dor, de tristeza ou de raiva deste homem e desta mulher durante e depois da separação, é importante que estes sejam cuidados, ouvidos e respeitados, mas que essa dor não se misture a algo que deve estar livre e disponível: o amor de pais, o amor de mães por seus filhos e filhas e o amor de filhos para seus pais e mães.

Daniella Freixo de Faria é especializada em psicologia analítica e transpessoal.