Palavra de especialista
Será que meu filho tem problema auditivo? Publicado: 09 Novembro 2010 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

Diagnóstico precoce e coragem para lidar com o assunto são as chaves para garantir à criança com problema auditivo uma infância saudável e feliz

Aceitar que seu filho possa ter algum tipo de problema auditivo não é nada fácil, mas o diagnóstico precoce faz toda a diferença para proporcionar a criança uma vida normal e feliz. E como saber se a saúde auditiva do seu filho vai bem? Existem sinais que tornam possível perceber se uma criança possui ou não deficiência auditiva, explica a fonoaudióloga da Audibel - empresa de aparelhos auditivos -, especialista em Audiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Tatiana Ottoni. Identificado qualquer um desses sintomas, é essencial procurar um otorrinolaringologista para fazer o correto diagnóstico.
 
Segundo ela, bebês com problemas auditivos normalmente não reagem a estímulos sonoros. Como não se assustar quando uma porta bater. Também são bebês que não balbuciam. Além disso, tendem a chorar muito porque não têm a sensação da mãe por perto a não ser que a estejam vendo. “Um exemplo disso é que se a mãe estiver lavando louça na pia da cozinha, longe do carrinho, o bebê tenderá a chorar porque tem a sensação de solidão”, explica. Em crianças maiores, a fonoaudióloga alerta que é comum a troca na fala e uma demora excessiva no desenvolvimento da linguagem. “Os pais devem ficar muito atentos e ao menor sinal de problema procurar um otorrinolaringologista para fazer a audiometria, teste capaz de detectar se a criança tem algum problema auditivo.” Recentemente, uma lei federal tornou obrigatório em maternidades de todo o país, o teste da orelhinha, exame capaz de detectar em bebês recém-nascidos a existência de problemas auditivos.
 
Ao passo que o apoio dos pais e da família é muito importante para o rápido diagnóstico e tratamento, não procurar ajuda pode causar prejuízos não só no desenvolvimento linguístico, como intelectual e emocional da criança. “São crianças que tendem a ficar isoladas e ter mais dificuldade para se relacionar, complicações que podem se estender para a vida toda. Por isso, é importante se informar”, explica a fonoaudióloga.  
 
Estima-se que a cada mil crianças nascidas três apresentam deficiência auditiva. É comum pensar que os exames diagnósticos devem ser feitos apenas em crianças que apresentam algum fator de risco relacionado a esta deficiência, porém, sabe-se que 50% dos casos não apresentam pré-disposição para problemas auditivos. No Brasil, a maioria dos casos encontrados tem origem não-genética, sendo causados por fatores pré-natais (rubéola da mãe durante a gestação), peri-natais (falta de oxigênio durante o parto) ou pós-natais (caxumba, sarampo, meningite, otites médias). A maior parte destes problemas pode ser evitada por meio de vacinas e tratamentos medicamentosos.
 
É importante tomar cuidado também na amamentação de bebês. Pouca gente sabe, mas dar mamadeira para o bebê deitado pode fazer mal, já que na orelha média, há um canal chamado tuba auditiva, que faz a comunicação do ouvido com a garganta e é responsável por regular a pressão nos ouvidos. Os bebês possuem a tuba auditiva mais horizontalizada e, portanto, se dermos a mamadeira com ele deitado, o leite poderá ir para o ouvido e causar dores ou infecções no ouvido gerando outras complicações.