Palavra de especialista
Obesidade infantil pode ser fator determinado pelo comportamento dos pais Publicado: 01 Setembro 2011 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

Pesquisas revelam que crianças e adolescentes filhos de mães com sobrepeso têm 3,8 vezes mais chance de desenvolver a obesidade. Quando ambos os pais estão acima do peso essa probabilidade é seis vezes maior. Os estudos também apontam que adolescentes com mães ou ambos os pais envolvidos em atividades esportivas apresentaram maior predisposição a prática de esportes.

As constatações são do pesquisador e professor da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Juliano Casonatto, mestre em Educação Física. Para o especialista, a relação da obesidade está diretamente relacionada ao comportamento dos pais. "Percebemos que pais obesos, na maioria das vezes, têm filhos obesos. Não tem como essas crianças viverem num ambiente propenso à obesidade sem serem influenciadas", diz Casonatto.

Um estudo feito com adolescentes de escolas particulares de Presidente Prudente, no oeste do estado de São Paulo, com 691 jovens entre 11 e 17 anos apontou que 14,8 deles apresentam obesidade abdominal. A pesquisa revelou que quando a mãe apresenta sobrepeso, a criança tem 3,8 vezes mais chance de também ter excesso de peso na adolescência. Se ambos os pais tiverem problemas com o peso, o filho terá 6 vezes mais chance de ser um adolescente com excesso de peso.

Outra pesquisa realizada por Casonatto revela a influência dos pais na freqüência da atividade física dos filhos.  Adolescentes com mães ou ambos os pais envolvidos em atividades esportivas apresentaram maior engajamento em atividades físicas. A pesquisa ouviu mais de mil adolescentes entre dez e 17 anos.  "Esse pode ser um estímulo ao combate a obesidade. Pais que praticam esportes incentivam os filhos a fazerem o mesmo e terem uma vida mais saudável", afirma o pesquisador.

"Dentro desse panorama, é possível inferir que o comportamento dos pais possui influência direta no comportamento dos filhos. Ou seja, pais que possuem hábitos de vida saudáveis tendem a ter filhos com bons hábitos de vida também", conclui Casonatto.

A obesidade infantil é um problema que preocupa as autoridades e profissionais de saúde do país. Segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo, 10% das crianças brasileiras estão obesas. Esse índice aumentou 5 vezes nos últimos 20 anos. "O cenário é preocupante. A prevalência de obesidade infantil vem aumentando de tal forma no Brasil que estamos seguindo o caminho dos EUA, o país mais obeso do mundo", lamenta o pesquisador.

Os fatores que provocam a obesidade infantil são conhecidos. Dentre eles, segundo Casonatto, os piores são o sedentarismo e a má alimentação. "A falta da prática de atividades físicas tem um impacto muito grande nas crianças. Elas estão menos ativas, consomem mais energia e gastam menos. Por isso engordam", explica o pesquisador. Ele afirma que as crianças de hoje estão mais preguiçosas também. "Elas passam horas sentadas na frente da tevê ou do computador, querem fazer tudo de carro, caminham muito pouco e usam controle remoto para tudo", declara.

Para o pesquisador, a solução precisa vir dos pais e da escola por meio da conscientização. "Uma boa nutrição é fundamental e as crianças precisam ser motivadas para a prática da atividade física". Casanatto conclui lembrando que pais que percebem que os filhos estão com excesso de peso devem procurar ajuda e tratamento.


Dicas para combater a obesidade infantil:

Deixe os bebês e crianças pequenas longe do açúcar. Não adoce alimentos como o leite nem sucos. Além de desnecessário é prejudicial;

Ofereça novos alimentos mais de uma vez. Combine com a criança para que ela experimente o alimento pelo menos 10 vezes antes de decidir que não gostam;

É normal a criança não gostar de um ou outro alimento, mas não se pode aceitar que a criança rejeite um grupo inteiro de alimentos. Criança que não come nenhuma fruta ou nenhum tipo de salada precisa de reeducação alimentar;

Os pais devem comer de tudo, mesmo coisas que não gostam, principalmente na frente das crianças. Nunca devem rejeitar alimentos porque estarão ensinando isso a elas;

Evite doces como sobremesas. Prefira frutas. Além disso, a sobremesa nunca deve ser oferecida como um prêmio. Doces devem ser consumidos apenas nos finais de semana. E, mesmo assim, moderadamente.