Palavra de especialista
A banalização do bullying Publicado: 10 Mai 2012 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

Assim como outros assuntos importantes como religião, política, sexo; o assunto da violência, principalmente se tratando de Bullying, foi banalizado. A mídia por sua vez, com a intenção de divulgar e fazer seu papel sobre o tema para que chegue ao conhecimento de todos, acaba por provocar uma inundação de informações repetitivas, sem embasamento e divulgada de forma superficial; o que culmina em propagações que pensamos ser infinitas.

Infelizmente o assunto é abordado somente quando ocorre alguma tragédia e falamos dele até sabermos dos mínimos detalhes: desde quantos passos foram dados; aos modelos de roupas que estavam sendo usadas pelos personagens no dia do ocorrido. Com o Bullying não é diferente, ouvimos sobre ele de manhã, de tarde e de noite, somente quando ocorre um fato. Nos deixando tão acostumados e familiarizados ao assunto que nos tornamos indiferentes a ele.

O Bullying é um conjunto de comportamentos agressivos que ocorre principalmente dentro das escolas e não é um fato novo. Infelizmente, ele é parte da experiência acadêmica de muitos alunos. O fenômeno começa com “piadinhas”, apelidos, xingamentos, empurrões, se transforma em agressão física e até perseguição. A vítima escolhida é sempre alguém que não poderá se defender sozinha e o agressor é alguém mais forte, que age sozinho ou em grupo. Como podemos analisar em sua definição o Bullying é um problema social, que pode afetar qualquer criança e causar danos irreparáveis, como já foi vivido em nossa história social.

Cabe a toda sociedade ficar atenta e atuar no sentido de prevenir o fenômeno continuamente, não o tratando como uma brincadeira banal de criança e nem popularizando e enfatizando somente os fatos trágicos ao ponto de esquecermos o assunto ou convivermos com ele como se fosse “normal” e pudesse ser percebido somente quando o pior acontece.

Hoje existem em algumas instituições de ensino e ONG’s com ações que tem a intenção de promover atitudes contra o Bullying como preferência aos trabalhos em grupo, que favorecem a socialização além de realizar campanhas de esclarecimento sobre Bullying e incentivo aos comportamentos gentis.      Os professores ainda identificam crianças mais tímidas e retraídas e fortalecerem sua autoestima, além de incentivarem-nas a andar acompanhadas por outros colegas. Quanto ao agressor, é feito um trabalho que aumenta a tolerância à frustração e controle de agressividade. Sobre essas ações temos que ser extenuados, para que elas sejam nossa rotina e que possamos ver a violência como um assunto sério e que tem solução.

Por outro lado, ainda existem escolas e instituições que ignoram o fato que ocorre dentro de suas paredes debaixo de seus olhos, o que causa grande preocupação dos pais. O Bullying não escolhe classe social, bairro, gênero ou valor de mensalidade. Bullying é um assunto sério e que atinge o seu filho e o meu, então diz respeito a todos.

Paula Pessoa Carvalho
Psicóloga Comportamental Infantil / Adulto e Orientadora Educacional 

 

Especializanda pela USP em - Terapia Clínica Analítico Comportamental.Psicóloga com formação e aprimoramento em Terapia Analítico Comportamental Infantil pelo Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento. Experiência com Orientação Psicológica, Familiar e Educacional. Pesquisadora do fenômeno Bullying. Escritora de artigos relacionados ao tema Bullying e Sexualidade Infantil. Site: www.estimuloconsultoria.com.br. Telefone: 11 8526-2622