Palavra de especialista
Pais devem proteger o ouvido das crianças para evitar a perda de audição precoce Publicado: 17 Setembro 2012 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

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Dificuldades de expressão da linguagem, déficit de atenção e problemas de aprendizagem podem ser indícios de problemas auditivos nas crianças. Os cuidados com a saúde do sistema auditivo na infância tem início quando o bebê ainda está dentro da barriga da mãe. "As gestantes devem ficar atentas às orientações dos médicos para se proteger contra doenças que podem afetar a audição do feto, como rubéola, meningite e toxoplasmose, e evitar o uso de medicamentos nocivos aos ouvidos", afirma a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.

Após o nascimento, ainda na maternidade, o bebê deve ser submetido ao ‘Teste da Orelhinha’, denominado tecnicamente como Teste de Otoemissões Acústicas Evocadas. O exame avalia a capacidade auditiva do recém-nascido por meio da emissão de sons e de sensores eletrônicos. "O teste é simples, gratuito e obrigatório. Sua realização é fundamental, pois é capaz de identificar de maneira precoce qualquer alteração na audição do bebê. Até 75% das deficiências auditivas podem ser descobertas ainda no berçário", ressalta.

Rita destaca que é necessário estimular o desenvolvimento da linguagem e o reconhecimento dos sons. Conversar com o bebê para incentivá-lo a usar a língua e os lábios, cantar e dizer o nome de objetos usados durante o banho, por exemplo, são atitudes que instigam a criança a se comunicar. "Contar histórias e mostrar as ilustrações do livro infantil é uma forma prazerosa de contribuir para o aprendizado. Este tipo de estímulo também aguça a inteligência e a criatividade", esclarece a médica, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).

Durante a infância, os pais devem evitar que os pequenos fiquem expostos a sons altos ou que frequentem ambientes com poluição sonora. Estádios de futebol, restaurantes com música alta e eventos automobilísticos podem ser prejudiciais para os ouvidos. "O canal auditivo de uma criança é muito menor comparado ao de um adolescente ou adulto. Um som de 20 decibéis, equivalente ao barulho de uma brisa entre as árvores ou uma torneira pingando, é percebido em um nível mais alto pelas crianças do que pelos adultos, por exemplo", explica.

Com o canal auditivo menor, o som entra com uma pressão maior no ouvido. Isto aumenta o risco de lesões e de ruídos que podem ser perigosos nas frequências mais altas, níveis importantes para o desenvolvimento da linguagem. "A proteção da audição na infância é essencial, pois a perda de audição é irreversível. Naturalmente, os ouvidos perdem a sua capacidade de perceber os sons devido ao envelhecimento. Esta perda é intensificada com a exposição a sons intensos", alerta a médica, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Em casa, o ideal é manter a televisão e o rádio em volumes agradáveis e dar preferência às regulagens com níveis mais baixos de sons. Os pais ainda devem evitar ligar vários aparelhos barulhentos ao mesmo tempo, como liquidificador, micro-ondas e aspirador de pó. "O excesso de ruído prejudica a memorização de diferentes sons quando a criança está aprendendo a falar. Para fixar sua atenção para determinado ruído ou na voz de uma pessoa para ouvir claramente a suas palavras, a criança precisa de um ambiente mais silencioso", observa.

No carro, a recomendação é ouvir o rádio em um volume baixo e manter as janelas fechadas para minimizar o impacto dos ruídos do trânsito em ruas e avenidas movimentadas. Quanto ao uso de fones de ouvido, Rita enfatiza que eles devem ser permitidos em uma idade mais avançada. "Quanto mais adiado for o uso de fones, melhor para a saúde auditiva da criança. Se for liberado, os pais devem orientá-la para que sempre mantenha o som baixo e limitar o seu período de utilização", acrescenta a especialista, coordenadora do Ambulatório de Zumbido do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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