Palavra de especialista
Adolescência, conflitos Publicado: 27 Janeiro 2014 | Última Atualização: 19 Setembro 2018

A adolescência é um período complicado para pais e filhos. De repente, seu filho, que vivia colado em você, parece que tem vergonha da sua companhia. A psicóloga clínica Ana Cássia Maturano, e a psicopedagoga Luciana Barros de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ABPp, dão dicas para acalmar e acabar com a dúvida dos pais.

“Mãe, me deixa antes da frente do portão da escola!.”

Esse comportamento é típico da adolescência em que os jovens sentem vergonha dos pais. Isso acontece pelo medo de que eles têm dos adultos não se comportarem adequadamente na frente da turma, o que pode torná-los motivo de chacota. “Apesar de ser difícil para os pais, é uma fase natural, delicada e que tende a passar”, esclarece Ana Cássia.

A vergonha é um sentimento comum a todos

Assim, é comum sentir vergonha dos pais na adolescência. “Nessa época da vida, o indivíduo está reorganizando alguns aspectos de sua identidade e caminhando rumo à independência e autonomia”, explica Ana Cássia. “Alguns aspectos infantis são rejeitados e causam embaraço quando explicitados. Muitos deles são vivenciados na relação com os pais, mesmo que os pais não os tratem como crianças. No final, ter vergonha dos pais e até rejeitá-los é a expressão da vergonha de si próprio e de seus aspectos infantis”.

Muitos pais que passam por essa situação não sabem qual a melhor maneira de agir. Segundo a especialista, o importante é saber “respeitar o momento de reorganização do filho e não insistir para que as coisas sejam diferentes. Se o filho se incomoda de que o pai o busque na escola, o ideal deve ser mostrar compreensão”, diz Ana Cássia. Segundo ela, é possível dizer:

"É, na sua idade não combina o papai pegar o filhinho na escola. Vamos combinar outro lugar para nos encontrarmos?” A psicóloga chama alerta: ”Alguns pais insistem em ser amigão da turma e a tratar o filho como criancinha, com piadas indelicadas. Ninguém gosta disso.”

Os pais devem encarar essa fase por meio do diálogo e devem tomar cuidado com suas próprias atitudes e agir com maturidade.

“Não ajuda em nada uma disputa do tipo quem tem mais vergonha de quem. Isso só vem a reforçar o sentimento de vergonha do filho”, orienta a psicopedagoga clínica Luciana Barros de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. ABPp. Outra atitude também prejudicial é forçar a barra. “Só tende a piorar a situação”, diz Luciana. Bater também. “O melhor é uma conversa franca entre pais e filhos, quando estão calmos, em que o pai mais que inquirir o filho, procure entendê-lo e compreendê-lo em seus sentimentos”, complementa a especialista.

Em alguns casos a vergonha parece ser exagerada e prejudicar ao jovem e por isso pode ser necessária a ajuda de um especialista

“Isso acontece quando há uma limitação muito grande na vida da pessoa que a sente, o que a impede de fazer as coisas normais da idade”, esclarece Ana Cássia. “Ou quando resulta numa relação muito difícil ou quase impossível com os pais. Nesse caso, a vergonha sentida dos pais nada mais é que a vergonha de si próprio. Algo que precisa ser explicitado e compreendido por aquele que a sente.”.

A fase da adolescência passa e essa vergonha natural tende a desaparecer. Por isso os pais devem encarar esse momento com muita paciência e dialogo.

Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga clínica, colunista de Educação do G1
Clínica: Edifício Morumbi Medical Center Rua José Janarelli, 199, cj 126
Email: cmaturano@hotmail.com

 

Contatos
Associação Brasileira de Psicopedagogia, ABPp.
Presidente: Luciana Barros de Almeida
Rua Teodoro Sampaio, 417, Cj 11 Pinheiros
Email: lucianabalmeida@uol.com.br