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Nise da Silveira Publicado: 18 Março 2023 | Última Atualização: 18 Março 2023

Escritora Patrícia Lessa lança biografia para crianças e jovens sobre a médica que revolucionou a psiquiatria no país

Obra estreia coleção na editora Appris que celebra mulheres marcantes na história 

O legado gigante da psiquiatra Nise da Silveira ganha nova voz na biografia homônima da educadora e doutora em História pela Universidade de Brasília (UnB) Patrícia Lessa. A obra marca a estreia da coleção “Lute como uma garota”, na editora Appris, que vai homenagear mulheres importantes na história do Brasil. Voltado para crianças e jovens, o livro “Nise da Silveira” tem ilustrações da artista e pesquisadora Jéssica Fiorini Romero. 

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a vida e obra de Nise da Silveira seguem como inspiração para todas as vozes femininas. E o livro traz a força dessa mensagem para os pequenos e jovens leitores. “Nise da Silveira” fala sobre a formação universitária da médica, que revolucionou a psiquiatria no país e sempre esteve à frente de seu tempo. Única mulher a se formar em Medicina na sua turma de mais de 150 homens, Nise foi uma das primeiras a exercer a profissão no Brasil, entre os anos de 1921 e 1926.

Nascida em Maceió, filha de professor de matemática e jornalista e uma mãe pianista, Nise da Silveira transformou o ambiente do hospital psiquiátrico, ficando mundialmente conhecida por suas descobertas e práticas terapêuticas e sua bandeira pelo combate a técnicas agressivas no tratamento de pessoas com doenças mentais. 

A obra também conta a história, desconhecida do grande público, da relação profissional da saudosa sambista Dona Ivone Lara, na época uma jovem enfermeira, e Nise da Silveira. A grande dama do samba conduz a história do livro “Nise da Silveira” como narradora. “Com certeza, a parceria de trabalho das duas foi fundamental para um projeto tão ousado envolvendo arte e afeto interespécies, sobretudo, se pensarmos que Dona Ivone Lara foi uma grande artista com voz e talento reconhecidos internacionalmente”, destaca a autora.

O encontro entre Nise da Silveira e o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung também é lembrado no livro. Nise se inspirou na obra de Jung, fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicoterapia junguiana, que abordava o universo simbólico, com grande interesse na arte e na sua história. Ao observar que muitas pessoas internadas no hospital psiquiátrico onde trabalhava criavam mandalas, a médica, que defendia a arte como forma de terapia ocupacional com os pacientes, percebeu uma conexão do seu trabalho com a obra do Jung e passaram a trocar correspondências. E foi a convite dele que realizou uma mostra com as obras de seus pacientes em um congresso internacional realizado em Zurique, na Suíça, em 1957.