Palavra de especialista
Tosse em crianças: quando é sinal de alerta e por que xarope não é a melhor opção |

Com a chegada do frio, a tosse aumenta e preocupa pais, mas a automedicação pode piorar o quadro. Pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria explica como prevenir e o que realmente funciona no tratamento

Nariz escorrendo, tosse persistente e noites mal dormidas: o outono/inverno chegou e, com ele, aumentam os quadros respiratórios entre as crianças. Segundo a Prof. Dra. Elisabeth Fernandes, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria, a tosse é um sintoma frequente nessa época do ano, mas nem sempre precisa de medicamentos, especialmente sem prescrição.

“A tosse é um reflexo natural de defesa do corpo, que tenta eliminar secreções ou partículas irritantes das vias aéreas”, explica a médica. “Ela pode ser aguda ou crônica e, nesta época do ano, se torna mais comum devido ao clima seco, maior circulação de vírus, ambientes fechados e até poluição doméstica.”

Para evitar que esse sintoma se transforme em algo mais grave, a médica reforça que a prevenção começa com medidas simples:

  • Vacinação atualizada, incluindo gripe, coqueluche e pneumonia;
  • Boa hidratação e alimentação equilibrada;
  • Lavagem nasal com soro fisiológico;
  • Aleitamento materno para fortalecimento da imunidade;
  • Evitar ambientes com poeira, mofo e fumaça de cigarro;
  • Umidificar o ar com cautela para não criar ambiente favorável a ácaros e fungos

Xaropes, pastilhas, sprays?

Nem sempre ajudam, e podem até prejudicar! Muitos pais recorrem a xaropes e pastilhas ao primeiro sinal de tosse, mas a Dra. Elisabeth alerta: “Esses medicamentos isentos de prescrição não têm eficácia comprovada para crianças, principalmente menores de 6 anos. Podem mascarar doenças graves ou causar efeitos adversos como sonolência, irritabilidade e até atraso no crescimento, no caso de xaropes com corticoides”.

Pastilhas e sprays também devem ser usados com cautela e sempre com orientação médica. A exceção são os xaropes naturais com mel, guaco ou própolis, que podem ajudar na irritação da garganta em crianças acima de 1 ano.

Tosse por secreção: lavar o nariz pode ser mais eficaz que qualquer remédio. Em muitos casos, a tosse vem do acúmulo de secreção nasal que escorre pela garganta. A pediatra reforça a importância da lavagem nasal com soro fisiológico, feita corretamente, como um dos métodos mais eficazes para aliviar o sintoma.

No caso dos fitoterápicos, cuidado com o que parece “natural”. Dra. Elisabeth chama atenção para a diferença entre produtos naturais e medicamentos fitoterápicos. “Apenas os medicamentos registrados na Anvisa passam por testes de eficácia e segurança. Já os produtos fitoterápicos vendidos como suplementos não têm a mesma exigência.”

A recomendação final? Diagnóstico primeiro, tratamento depois. “A tosse é só o sintoma. Tratar a causa é o que realmente importa e isso só pode ser feito com orientação pediátrica”, finaliza a especialista.


Dra. Elisabeth Canova Fernandes

Pediatra

CRM 94686

RQE 105.527

Médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC.
Residência médica em pediatria pela FMUSP
Complementação especializada em reumatologia pediátrica pelo Instituto da Criança - FMUSP
Título de especialista em Pediatria pela SBP
Título de especialista em reumatologia pediátrica pela SBP e SBR
Mestrado e doutorado em pediatria pela FMUSP
Pós-graduação em nutrição infantil pela Boston Umjversity e também pela Ludwig Maximilian University of Munich.
Professora de graduação em Medicina na Universidade São Caetano do Sul.
Médica proprietária da Clínica Pediátrica Crescer Participação ativa em diversos congressos nacionais e internacionais em pediatria voltados para alimentação infantil, amamentação, cuidados com o bebê e doenças comuns da primeira infância.
Palestrante frequente nos temas de amamentação, alimentação infantil e primeiros cuidados com o bebê.